A Terapia Psicanalítica (Psicanálise) e Psicodinâmica
A Terapia Psicanalítica (também chamada Psicanálise) foi criada por Sigmund Freud, um médico psiquiatra (não era psicólogo), que ficou conhecido como o “pai da psicanálise”. A Psicanálise ficou famosa por ter sido a primeira “terapia” aplicada às perturbações mentais, tendo predominado até à década de 1950. Apesar de ser bastante conhecida do público em geral e, ainda hoje, ser praticada por muitos profissionais de saúde mental (inclusivamente por alguns psiquiatras), no meio científico e clínico, nós – profissionais de saúde mental – sabemos que a psicanálise é mais uma teoria do que uma terapia, visto que deriva das teorias de Freud, que careceram de provas científicas desde o seu início(*).
A teoria de Freud parte do pressuposto de que os seres humanos manifestam uma série de conflitos inconscientes, que têm origem na infância. Freud acreditava que os problemas de saúde mental eram o resultado desses conflitos e de impulsos instintivos – agressivos e sexuais – que eram reprimidos no inconsciente. E defendia que, se os pacientes falassem acerca do que vinha à sua cabeça por livre associação, era possível desvendar os seus conflitos inconscientes (originados na infância) e libertá-los das suas perturbações mentais. Ainda nos dias de hoje, a psicanálise limita-se a levar os pacientes a falarem sobretudo acerca das suas experiências da infância, na tentativa de trazer para o consciente supostos conflitos inconscientes. O terapeuta psicanalítico tem um papel neutro e não-diretivo, evita dar orientações e intervém muito pouco, limitando a intervenção às suas interpretações freudianas… Importa ter em conta que, geralmente, a psicanálise implica várias sessões (ex., 2 a 4) por semana e tem uma duração longa (podendo estender-se durante vários anos), o que a torna bastante dispendiosa a médio e longo prazo.
A Terapia Psicodinâmica deriva da psicanálise e, à sua semelhança, dedica-se a analisar experiências da infância e a explorar processos inconscientes. Diferencia-se da visão tradicional da psicanálise apenas por dar um pouco menos ênfase aos impulsos instintivos na interpretação dos problemas dos pacientes. O terapeuta psicodinâmico pode eventualmente assumir uma posição um pouco mais ativa e diretiva, e orientar ou reforçar aspetos não conflituantes dos pacientes. A frequência típica das sessões é de 1 ou 2 por semana, e é também uma terapia longa, o que a torna dispendiosa.
No que respeita à sua utilidade, a psicanálise e a terapia psicodinâmica podem ser úteis para as pessoas que desejam explorar traumas da infância e possíveis relações entre esses traumas e eventuais problemas atuais. Podem servir essencialmente para ganhar consciência sobre o impacto de eventuais acontecimentos decorridos na infância, no entanto, a principal limitação que é apontada a estas abordagens terapêuticas é a sua incapacidade de dar técnicas e estratégias que permitam às pessoas mudar e gerir as suas emoções, sentimentos, pensamentos e comportamentos…
Quando se trata de ajudar as pessoas a sentirem-se bem em termos emocionais, não chega ajudá-las a ganhar consciência e compreensão sobre os seus problemas e dificuldades, precisamos de lhes dar estratégias e ferramentas que lhes permitam agir sobre os seus estados emocionais, para gerar bem-estar nas suas mentes e felicidade nos seus corações. (Cláudia)
Se procura ajuda psicológica ou psicoterapêutica, saiba que existem muitas psicoterapias atualmente, diferentes nos seus pressupostos, métodos e técnicas terapêuticas. Algumas terapias estão melhor estudadas cientificamente e têm resultados comprovados de maior eficácia e sucesso, do que outras(*)… Se quiser saber mais sobre este tema, poderá interessar-lhe o meu texto “Que tipos de Psicoterapias existem?“.
Saiba mais:
– Que tipos de Psicoterapias existem?
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(*) Fontes e referências:
Depreeuw, B., Eldar, S., Conroy, K., & Hofmann, S.G., (2017). Psychotherapy Approaches. International Perspectives on Psychotherapy. Springer International Publishing.