A Terapia Focada na Compaixão
A Terapia Focada na Compaixão (CFT) é uma das terapias que compõem as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração que eu pratico nas minhas consultas. Estas correspondem à última geração de psicoterapias, ou seja, as terapias psicológicas mais modernas e atuais, e com uma melhor relação entre custos e benefícios para as pessoas que procuram fazer psicoterapia.
Os estudos científicos(*) e a prática clínica mostram que uma grande parte das pessoas tem uma relação dura, exigente e crítica consigo própria. Os estudos(*) no âmbito da CFT demonstram que, ao mantermos uma relação autocrítica connosco próprios, a probabilidade de desenvolvermos dificuldades e/ou problemas psicológicos aumenta. Está cientificamente(*) demonstrado que as pessoas autocríticas experienciam mais emoções desagradáveis e dolorosas (ex., vergonha, culpa, tristeza, frustração, depressão, stress, ansiedade, pânico, etc.), e apresentam maior dificuldade em gerir as suas emoções.
A compaixão envolve a empatia (isto é, a capacidade de aceitar, acolher e compreender os sentimentos do próprio e das outras pessoas) e a vontade de aliviar o sofrimento do próprio e dos outros… (Cláudia)
A Terapia Focada na Compaixão é uma terapia muito gentil que nos ajuda a desenvolver a nossa compaixão, por nós mesmos e pelas outras pessoas, no sentido de estabelecermos uma relação amigável, connosco próprios, com os outros e com o mundo onde habitamos. Quando desenvolvemos uma relação amigável connosco próprios, torna-se mais fácil gerir, confortar e suavizar as nossas emoções desagradáveis e/ou dolorosas. Tornamo-nos também mais capazes de estabelecer relações saudáveis e positivas com as outras pessoas e com os outros seres vivos que fazem parte do mundo e da natureza (ex., animais, plantas, árvores, etc.).
Esta terapia ajuda-nos a compreender, com gentileza e compaixão, como é que as nossas experiências passadas na infância e na adolescência (ex., negligência/hostilidade parental, falta de amor e afeto, violência, bullying, rejeição, abuso, perdas, etc.) podem estar relacionadas com eventuais dificuldades atuais (ex., depressão, ansiedade, medo de ser rejeitado e/ou magoado, medo de falhar, insegurança, perfecionismo, baixa autoestima e/ou autoconfiança, procrastinação, evitamento social, dificuldades sociais, comportamento passivo/submisso ou agressivo, dificuldade no controlo dos impulsos nervosos ou agressivos, problemas nos relacionamentos, etc.). Para além disso, esta terapia ajuda-nos também a desenvolver a capacidade de perdoar, a nós próprios e aos outros, pelos seus erros e pelas suas falhas, para não nos deixarmos ficar presos ao nosso passado, mas, em vez disso, permitirmo-nos prosseguir com as nossas vidas, da melhor forma possível. É uma terapia sensível que trabalha a mudança através do cultivar de atitudes amigáveis connosco próprios, como a aceitação incondicional, a auto compaixão, o auto perdão, o auto conforto, o não-julgamento, entre outras. Ajuda-nos a conhecer-nos melhor e a estabelecer uma relação, (mais) amigável e satisfatória, connosco próprios, com a vida e o mundo que nos rodeia.
O desenvolvimento da Terapia Focada na Compaixão deve-se ao Psicólogo Clínico e Professor Paul Gilbert, na Inglaterra. A terapia recorre a um conjunto diversificado de métodos psicoterapêuticos, desde as técnicas cognitivas e comportamentais (baseadas na Psicoterapia Cognitivo-Comportamental), as práticas de mindfulness, até outras técnicas psicoterapêuticas, cuja eficácia se encontra estudada cientificamente. Os estudos científicos(*) comprovam a eficácia desta terapia, nomeadamente, no tratamento de problemas como depressão, ansiedade, traumas, comportamentos autodestrutivos (ex., automutilações), perturbações alimentares, dificuldades emocionais (ex., vergonha, culpa, raiva, etc.), entre muitos outros. Esta terapia tem demonstrado ser também eficaz na diminuição do mal-estar e do sofrimento em geral, sendo benéfica para qualquer pessoa, sobretudo para as pessoas que têm uma relação crítica e dura consigo próprias.
Esta terapia é eficaz quando praticada de forma isolada, mas demonstra maior sucesso (na ajuda que proporciona às pessoas que fazem esta psicoterapia) quando é praticada em conjunto com as outras terapias que compõem igualmente as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração, ou seja, em combinação com a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, a Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness, a Terapia da Aceitação e Compromisso e a Terapia Comportamental Dialética.
A Psicoterapia é uma viagem de descobertas, aprendizagens, crescimento e desenvolvimento pessoal. Iniciar uma psicoterapia é um gesto de amor-próprio, porque decidimos cuidar de nós e das nossas emoções de forma gentil e amigável. É como aprendermos a dar a mão a nós próprios e a levarmo-nos ao colo (emocionalmente) ao longo da nossa vida, sobretudo, nos momentos mais difíceis… É uma experiência muito reveladora e transformadora, porque aprendemos a estar connosco próprios e a desfrutar da vida de uma forma muito mais harmoniosa, pacífica, serena, feliz e plena… (Cláudia)
Saiba mais:
– As Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração
– A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental
– A Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness
– A Terapia da Aceitação e Compromisso
– A Terapia Comportamental Dialética
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(*) Fontes e referências:
Germer, C. & Neff, K. (2019). Teaching the Mindful Self-Compassion Program: A Guide for Professionals. The Guilford Press.
Gilbert, P. (2010). Compassion Focused Therapy: Distinctive Features (Cognitive Behavioral Therapy distinctive features). Routledge.
Neff, K. (2015). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself. William Morrow Paperbacks.