A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foi desenvolvida por diversos investigadores na área da Psicologia para ultrapassar as limitações das terapias clássicas, desenvolvidas até 1950 (ex., a Psicanálise, Terapia Psicanalítica, Terapia Psicodinâmica).

Por vezes, esta terapia também é encontrada com a designação de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Integrativa, nomeadamente, quando o Psicoterapeuta, para além de praticar a Terapia Cognitivo-Comportamental, conjuga esta terapia com os modelos e métodos (cientificamente comprovados) das terapias mais clássicas.

Ao longo do tempo, a Terapia Cognitivo-Comportamental tem sido alvo de diversos desenvolvimentos e progressos e, como tal, mais recentemente têm sido desenvolvidas as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração, que incluem adicionalmente outras terapias cognitivo-comportamentais mais recentes. Estas correspondem às terapias psicológicas de última geração, mais modernas e avançadas, e com uma melhor relação entre custos e benefícios para as pessoas que procuram fazer psicoterapia. Estas constituem as terapias que eu pratico nas minhas consultas.

A TCC foi a primeira terapia a demonstrar que os nossos pensamentos (ex., “isto é muito difícil, eu não sou capaz…”) influenciam os nossos sentimentos (ex., tristeza, ansiedade) e os nossos comportamentos (ex., evitamento ou fuga da situação). E, por sua vez, os nossos comportamentos (ex., evitamento da situação) e sentimentos (ex., tristeza, ansiedade) influenciam os nossos pensamentos e as nossas crenças (ex., “eu sou um incapaz…”). Esta terapia mostra que o desenvolvimento de padrões negativos de pensamentos, sentimentos e comportamentos podem desencadear-nos dificuldades ou problemas psicológicos (ex., depressão, ansiedade, stress, medo, insegurança, baixa autoestima e/ou autoconfiança, dificuldade nos relacionamentos, etc.) que geralmente causam bastante sofrimento e/ou mal-estar emocional.

Ao contrário da Psicanálise e da Terapia Psicodinâmica, que se debruçam principalmente sobre o passado da pessoa (na sua infância e adolescência), a Terapia Cognitivo-Comportamental explora o passado apenas para compreender eventuais fatores predisponentes, que possam ter contribuído para o desenvolvimento de dificuldades/problemas. De resto, esta terapia foca-se sobretudo no momento presente e nas dificuldades atuais, com o objetivo de ajudar a pessoa a desenvolver estratégias e competências para ultrapassar as suas dificuldades e/ou problemas.

Segundo inúmeros estudos científicos(*), a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental apresenta uma elevada eficácia, caracterizando-se por resultados terapêuticos rápidos e duradouros, e uma boa relação custo-eficácia. Desde 1977, é considerada internacionalmente a terapia mais indicada para os problemas psicológicos que as pessoas geralmente apresentam, como depressão, problemas de ansiedade generalizada, ansiedade social, hipocondria, medos e fobias, ataques de pânico, perturbação de pânico, perturbação de stress pós-traumático, perturbação obsessivo-compulsiva, problemas relacionados com o stress, perturbações do comportamento alimentar, perturbação bipolar, entre muitos outros(*).

Esta terapia envolve geralmente uma sessão semanal ou quinzenal e, por ser uma terapia eficaz de curta duração, torna-se menos dispendiosa, comparativamente com as terapias clássicas, que se estendem no tempo por períodos bastante longos… Para além disto, a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental apresenta resultados de eficácia comprovada(*) com pessoas de todas as idades, incluindo crianças, adolescentes e adultos, independentemente da sua cultura, do seu nível de escolaridade ou socioeconómico. É também eficaz quando utilizada individualmente ou em grupo (ex., terapia de grupo).

A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental tem um campo de atuação bastante alargado, podendo ser praticada por qualquer pessoa, visto que tem a capacidade de empoderar-nos para lidar com as nossas dificuldades na vida diária (ex., stress), até prevenir e/ou tratar problemas mais graves (ex., depressão, ansiedade, etc.). É também a terapia ideal para as pessoas que se interessam pelo seu autoconhecimento e desenvolvimento pessoal e/ou pela aquisição de competências (ex., competências de comunicação, gestão de conflitos, gestão de tempo e tarefas, regulação emocional, etc.).

Devido os seus bons resultados, esta terapia foi alvo do interesse de numerosos investigadores e clínicos que, desde os anos 80-90, trabalharam para o seu desenvolvimento e progresso. Particularmente ao longo das últimas décadas, esta terapia tem servido de base para o desenvolvimento de um conjunto de novas terapias mais avançadas, as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração. Estas terapias, de última geração, fornecem-nos melhores métodos e mais técnicas, que ultrapassam os da terapia cognitivo-comportamental. No entanto, os avanços nesta área são visíveis, sobretudo, internacionalmente.

Em Portugal, a evolução e os avanços no contexto clínico têm surgido a um passo lento. Isto acontece porque muitos terapeutas ainda praticam atualmente as terapias clássicas e mais antigas (ex., Psicanálise, Terapia Psicanalítica, Terapia Psicodinâmica, Terapia Humanista, e outras), e, a maioria dos psicoterapeutas que segue a abordagem cognitivo-comportamental continua a praticar, ainda hoje, apenas a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental. E, por isso, ainda somos poucos psicoterapeutas em Portugal a praticar as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração.

Em suma, apesar da eficácia da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, esta terapia demonstra maior sucesso (na ajuda que proporciona às pessoas) quando é praticada em conjunto com as outras terapias que compõem, com ela, as Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração, ou seja, em combinação com a Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness, a Terapia da Aceitação e Compromisso, a Terapia Focada na Compaixão e a Terapia Comportamental Dialética.

A Psicoterapia é uma viagem de descobertas, aprendizagens, crescimento e desenvolvimento pessoal. Iniciar uma psicoterapia é um gesto de amor-próprio, porque decidimos cuidar de nós e das nossas emoções de forma gentil e amigável. É como aprendermos a dar a mão a nós próprios e a levarmo-nos ao colo (emocionalmente) ao longo da nossa vida, sobretudo, nos momentos mais difíceis… É uma experiência muito reveladora e transformadora, porque aprendemos a estar connosco próprios e a desfrutar da vida de uma forma muito mais harmoniosa, pacífica, serena, feliz e plena… (Cláudia)


Saiba mais:

As Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais de Terceira Geração

A Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness

A Terapia da Aceitação e Compromisso

A Terapia Focada na Compaixão

A Terapia Comportamental Dialética

A Psicoterapia para Adultos

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(*) Fontes e referências:

Depreeuw, B., Eldar, S., Conroy, K., & Hofmann, S. G. (2017). Psychotherapy Approaches. In S. G. Hofmann (Ed.), International Perspectives on Psychotherapy. Springer International Publishing

Rector, N. A., & Centre for Addiction and Mental Health. (2010). Cognitive-Behavioural Therapy: An Information Guide. Toronto: Centre for Addiction and Mental Health.