Qual a diferença entre Psicologia Clínica, Psicoterapia e Psiquiatria?

As pessoas costumam questionar-me sobre a diferença entre a Psicologia Clínica, a Psicoterapia e a Psiquiatria. Vejamos…


– Psicologia Clínica:

O psicólogo clínico é um profissional que fez o curso superior de Psicologia. A Psicologia Clínica é a área da psicologia em que o psicólogo atende geralmente as pessoas em clínicas e consultórios, podendo realizar avaliações psicológicas e promover apoio psicológico.

É comum também falarmos da Psicologia da Saúde que ajuda as pessoas a lidar com questões relacionadas com a saúde física, por exemplo, dor ou doença crónica. A Psicologia da Saúde é a área da psicologia em que o psicólogo atua geralmente em hospitais.

Muitas vezes, o psicólogo é formado em Psicologia Clínica e da Saúde, ou seja, tem conhecimentos em Psicologia Clínica e Psicologia da Saúde, podendo atuar em ambas as áreas e em diversos contextos (ex., consultórios, clínicas e hospitais).


– Psicoterapia:

A Psicoterapia vai para além da psicologia clínica e baseia-se numa variedade de métodos e técnicas especializadas que permitem ao psicoterapeuta atuar em diversas dificuldades e problemas, para ajudar as pessoas que se encontram em sofrimento e/ou mal-estar significativo.

À semelhança da psicologia clínica, a Psicoterapia interessa-se por compreender as dificuldades e problemas da pessoa à luz do modelo biopsicossocial, ou seja, tendo em conta os fatores biológicos, psicológicos e sociais que contribuíram para o desenvolvimento do problema. E baseia-se na compreensão da história da pessoa e das suas dificuldades, aprofundando diversas áreas (ex., pessoal, familiar, escolar/académica, profissional, social, etc.) nas diferentes fases de vida (infância, adolescência e idade adulta).

Porém, embora os psicólogos clínicos possam trabalhar com dificuldades e problemas emocionais, nem sempre eles são psicoterapeutas! Por isso, quando procuramos um profissional que nos ajude a lidar com um sofrimento ou mal-estar significativo, com situações ou acontecimentos de vida difíceis (ex., separação ou divórcio, luto, perda do emprego, etc.) ou com um problema psicológico (ex., ansiedade, depressão ou outra), é muito mais vantajoso procurar um psicólogo que também seja psicoterapeuta!

Os métodos e técnicas de um psicoterapeuta dependem do tipo de psicoterapia que pratica. Entre as psicoterapias mais praticadas estão a psicoterapia cognitivo-comportamental, a psicanalítica/psicodinâmica, a humanista e a sistémica.

Diversos estudos científicos têm revelado, há várias décadas, que a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental é aquela que apresenta os melhores resultados entre as diversas psicoterapias existentes, constituindo assim uma excelente opção, dada a sua eficácia comprovada. Ao longo das últimas décadas esta terapia tem sido alvo de tanto interesse que diversos investigadores e clínicos têm trabalhado para o seu constante desenvolvimento e progresso. Desta forma, atualmente já estamos na Terceira Geração das Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais, ou seja, a última geração destas terapias, mais modernas e atuais. Porém, em Portugal, a maioria dos psicólogos que se baseia na abordagem cognitivo-comportamental, pratica ainda, somente, a psicoterapia cognitivo-comportamental (segunda geração).

Importa ter em atenção que, tal como nem todos os psicólogos são psicoterapeutas, nem todos os psicoterapeutas são psicólogos! Alguns são psiquiatras…


– Psiquiatria:

A Psiquiatria é o ramo da medicina que estuda os fenómenos fisiológicos e bioquímicos do cérebro, as perturbações resultantes de desequilíbrios cerebrais e o tratamento baseado no uso de medicamentos.

Ao contrário da psicologia e da psicoterapia, a Psiquiatria segue o modelo médico (e não o modelo biopsicossocial), por isso, geralmente não se interessa por aprofundar e compreender a história da pessoa e das suas dificuldades, nas diversas áreas e/ou fases da sua vida. A Psiquiatria interessa-se sobretudo pelas disfunções orgânicas, responsáveis pelas perturbações mentais, procurando reduzir os seus sintomas através da prescrição de medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos.

Há psiquiatras que também são psicoterapeutas, mas é comum os psiquiatras que são psicoterapeutas praticarem a abordagem psicanalítica, mais conhecida como Psicanálise. Porém, importa ter em atenção que a Psicanálise, embora seja considerada por muitos a primeira “terapia” a ter sido criada, ela não é uma terapia propriamente dita, mas é sim uma teoria (ou abordagem teórica) criada pelo psiquiatra Sigmund Freud para estudar e explicar o funcionamento da mente, antes de 1950! Anos mais tarde, e até aos dias de hoje, chegou-se à conclusão que a teoria e muitas ideias de Freud carecem de estudo psicológico e provas científicas. Por se basear numa teoria, e não constituir uma verdadeira psicoterapia, uma das maiores limitações apontadas (por investigadores, psicoterapeutas e pacientes) à Psicanálise é a sua dificuldade em fornecer técnicas e estratégias práticas, capazes de ajudar as pessoas a lidar com as suas dificuldades e empoderá-las para as mudanças necessárias. Por isso, considere que existem atualmente profissionais de saúde mental que praticam psicoterapias mais modernas e eficazes


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